Artigo: Afinal, o lucro é do bem ou do mal?

De dois anos pra cá, a situação da Venezuela piorou muito. Lá, o simples fato de sair de casa para comprar comida se transformou num martírio. Isso mesmo. Para pessoas de bem conseguirem comprar comida para sua sobrevivência, elas têm que enfrentar longas, intermináveis e humilhantes filas. Homens, mulheres, velhos e jovens recebem sua numeração e apresentam o seu documento usado pelo governo para controlar a quantidade a que cada um tem o direito de comprar.

Os ítens que estão em falta atualmente: carne, leite, frango, açúcar, café, água engarrafada, azeite e farinha, mas também pães, papel higiênico, sabão, preservativos, retrovirais e medicamentos para doenças crônicas, como diabetes e epilepsia. A tendência é que outros produtos também comecem a faltar, tirando ainda mais a dignidade deste povo que há 2 décadas vivia muito bem. Em 1993, Hugo Chaves estava preso por uma tentativa de golpe de estado pelas vias armadas. A Venezuela era economicamente muito mais estável que o Brasil, tinha um mercado aberto e para ir fazer compras em Miami, a passagem custava apenas 150 dólares. Qualquer empregada doméstica viajava aos EUA para fazer compras. Afinal, até hoje, a Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo.

Senhores, a razão que temos comida farta em nossas mesas todos os dias no Brasil é uma só: o lucro.

Quando você vai num supermercado, este estabelecimento existe porque um empresário investiu o seu dinheiro, a seu próprio risco, sem apoio de ninguém, com altos impostos, com altos encargos trabalhistas para assumir todos os riscos, num cenário desfavorável para o empreendedorismo como o Brasil, para obter lucro. Isso mesmo. LUCRO. Simples assim. Lucro não é uma palavra bestial, de baixo calão ou um pecado. Por causa do lucro você encontra um supermercado para comprar a comida que é parte de sua sobrevivência. Sem lucro, o supermercado fecha as portas. Faz sentido isso pra você? Se esta informação é verdadeira, o lucro é bom, não é?

Dentro do supermercado, nós encontramos um monte de produtos, como produtos agrículas, pecuários, industrializados, laticínios, produtos de higiene pessoal, de limpeza, brinquedos, eletrônicos etc… Sabe por porque esses produtos estão lá para vender?

Porque por trás de cada produto deste existem empresários que investiram o seu dinheiro, enfrentando corrupção da máquina pública e da burocracia, em busca do lucro. Isso, olha ele aí de novo. O santo LUCRO que faz com que pessoas de bem, trabalhadoras, decidam assumir os riscos necessários para criarem empresas, gerando empregos para um monte de famílias, que dá a nós acesso, a qualquer tempo, entrar numa loja, num shopping ou num supermercado para comprar, na quantidade que quisermos e quantas vezes quisermos, sem controle de ninguém, os produtos que precisa para viver com conforto, incluindo a sua alimentação que não tem faltado em nossa mesa. Por que não falta? Porque alguém tem lucro com isso. Simples assim.

Quando um governo começa com um discursinho medíocre, colocando a população contra as “elites”, criando um ambiente hostil na sociedade, ele está ameaçando este equilíbrio do mercado que é estimulado pelo lucro.

Quando um governo começa a regular as práticas comerciais, fazendo congelamentos de preços numa economia instável, o que fatalmente colocará o preço dos produtos tabelados em níveis abaixo do estímulo necessário para indústria e, em muitos casos, tabelando os preços abaixo do que de fato custa, o empresário, que não é escravo do governo, decide não correr mais os riscos e prefere encerrar as operações. Por que alguém trabalharia de graça? E perdendo dinheiro? Nós faríamos o que se fossemos empresários num cenário como este criado por um governo autoritário? Não precisa ser nenhum gênio para imaginar a resposta porque ela é muito óbvia.

Se nós achamos que determinado empresário tem uma margem muito grande de lucro, simplesmente não compramos. Se isso acontecer ele baixará o preço para conseguir vender. O poder está sempre nas mãos do consumidor.

Agora, quando o governo trata o empresário como um usurpador, um explorador, em vez de reconhecer a sua coragem de empreender e o quanto ele é fundamental para o país, aquele ser humano trabalhador que investe o seu dinheiro num negócio, não se sente estimulado a empreender mais e decide ficar com o seu dinheiro aplicado e seguro num banco internacional, o que é o seu direito.

A grande parte desses empresários saem do país e vão morar num lugar melhor, num país livre que reconhece a iniciativa de quem quer empreender, gerar empregos e bem estar para a sociedade. Empresários de países autoritários são bem vindos em qualquer lugar do mundo, porque seus governos dão incentivos para eles a fim de que eles possam investir naquele país que o recebeu bem.

Portugal é um exemplo disso que dá 10 anos de isenção de impostos para atrair empresários estrangeiros para morarem no país. O requisito é investir no mínimo 500 mil euros em imóveis ou 1 milhão de euros no mercado financeiro. Eu posso lhe dar uma lista de outros 20 países que fazem o mesmo… Nos EUA, um greencard é dado para o empresário estrangeiro com sua família que investir 500 mil dólares num projeto que gera emprego no país. Percebem a diferença de tratamento?

Já na Venezuela e países com a mesma ideologia acontece exatamente o oposto e o empreendedor é tratado como marginal. Não é por acaso que muitos empresários foram embora já que são desrespeitados pelo governo. Os que ainda permaneceram lá, são recorrentemente prejudicados pela máquina estatal autoritária que controla preços com a ameaça de prisão aos comerciantes. Os que tentam, com tudo isso, continuar a empreender no país chegam a conclusão que empreender neste mercado tornou-se inviável, tirando-lhes a perspectiva do LUCRO. O que fazem então? Não vêem mais sentido em continuar os seus negócios, não vêem mais sentido em produzir no campo, pois os preços tabelados não compensam o esforço e o risco do empreendedor.

Resultado?

Os produtos não são produzidos, distribuídos e vendidos no comércio e o povo sofre. FALTAM MESMO!

Governos populistas falam uma linguagem pensando apenas em agradar os mais simples que, por ignorância, acreditam no discurso de conspiração vomitado pelo governo. Quando o governo perde popularidade e se sente ameaçado, aumenta ainda mais o tom classista, colocando um contra o outro, para tentar garantir o seu curral eleitoral. Com isso, vai destruindo ainda mais o mercado produtor. O resultado lamentável é o que vemos pintado com todas as cores na Venezuela.

Lá, a violência urbana explode com uma força incrível. A maior taxa de assassinatos do mundo por habitantes. Mata-se mais que no Brasil que é o campeão em números absolutos. A inflação explodiu junto com o desemprego. O desabastecimento mexe com a dignidade da população. Um sofrimento lamentável e desnecessário de um país rico, porém empobrecido pela utopia bolivariana.

Agora, me pergunta se o governo perde a pose. Claro que não! Eles nunca dão o braço a torcer. Mentem mesmo como ferramenta de trabalho. Eles pensam que os fins justificam os meios. Além disso, as famílias e amigos do rei, Maduro, vivem muito bem. São ricos, pois a corrupção costuma correr solta nesses modelos e reinados de estado absoluto.

Antes que me perguntem, “o Brasil não vai seguir pelo mesmo caminho?” Não cairemos na mesma conversa bolivariana-leninista-marxista. Não seremos uma Venezuela, porque a nossa bandeira jamais será vermelha e nem azul. A Bandeira do Brasil é e sempre será verde e amarela. 

Leandro B. Levone (*) 

Leandro Bazeth Levone, 33 anos, é Administrador de Empresas, Professor Universitário na UNIG – Universidade Iguaçu, Coordenador do MBA em Gestão Pública da CIMPRO/UNIG, Palestrante, Consultor Sênior da CIMPRO Inovadora e Educação, Consultor de Negócios e Consultor Governamental, com Mestrado em Economia Empresarial pela UCAM, é Mestrando em Gestão Regional e Planejamento de Cidades pela UCAM, Pós-graduado em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela UFRJ, especialista – pós-graduado em Direito Público pelo IDP – Instituto Brasiliense de Direito Público, pós-graduado – MBA Executivo Internacional em Gestão de Projetos na Fundação Getúlio Vargas e cursa uma pós-graduação em Teologia Internacional. Foi Secretário Municipal de Administração do Município de Natividade de dezembro de 2006 a julho de 2010, ano em que se tornou Secretário Municipal de Administração, Fazenda e Planejamento em Natividade e foi Professor convidado nos cursos de Pós-graduação Lato Sensu – MBA da FACC-UFRJ (Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro) por 02 (dois) anos.