2015 terá um segundo a mais, e diferença pode afetar a internet

O ano de 2015 terá um segundo a mais, informou o Serviço Internacional da Rotação Terrestre e Serviço de Referência (IERS) na segunda-feira (5). Apesar de a adição não passar de um piscar de olhos, a forma como alguns serviços digitais a receberão pode causar uma interferência generalizada internet afora.

O segundo a mais ocorrerá na virada do dia 30 de junho para 1º de julho. Quando o relógio registrar 23h59m59s, o ponteiro não passará automaticamente para as 00h do dia seguinte. O acréscimo já ocorreu em outros anos. Decorre de um descompasso entre o sistema universal de medida do tempo e os registros de hora feitos por relógios atômicos.

Enquanto o tempo medido pelo Tempo Universal Coordenado (UTC, na sigla em inglês) atrasa devido a uma desaceleração no movimento de rotação da Terra, os relógios atômicos não sofrem com isso. Continuam contando os segundos normalmente. Para chegar a um equilíbrio, de tempos em tempos, o IERS anuncia segundos adicionais. Desde 1972, já foram 25.

Na prática, os relógios terão que ler um segundo adicional, o 23h59m60s, o que dará ao dia 30 de junho um total de 86.401 segundos. Pode parecer pouco, mas em 2012, última vez em que uma adição foi feita, o mundo da internet sofreu com uma onda de instabilidade. Os problemas ocorreram com Mozilla, Reddit, Foursquare, Yelp, LinkedIn, o sistema operacional Linux e aplicações rodando em Java.

A falha pode ocorrer porque muitos sistemas de computação, incluindo computadores, laptops, smartphones e afins, usam o Network Time Protocol (NTP), que registra as horas e está alinhado a relógios atômicos. A maioria, porém, não está preparada para lidar com um segundo extra.

O mesmo problema ocorreu com o Google em 2005, quando um segundo extra foi adicionado. Os sistemas da companhia não estavam preparados. Alguns deles “se recusaram” a trabalhar enquanto possuíam uma medição de tempo “errada”. O problema foi identificado em 2008 por engenheiros, que começaram a trabalhar em uma forma de driblá-lo. A solução encontrada foi implementar uma modificação interna no NTP. Milissegundos são acrescentados ao tempo durante todo o dia que terá um segundo a mais. Assim, quando chega a hora, o segundo já foi acrescentado naturalmente.

A adição de segundos é tema para discussões internacionais. Os Estados Unidos querem acabar com os acréscimos. Argumentam que a correção atrapalha sistemas de navegação e de comunicação, além de poder atrapalhar transações financeiras que necessitam de um registro preciso do tempo. Já o Reino Unido é defensor dos segundos extra. O argumento é que a não inclusão poderia criar um distúrbio no conceito de tempo, e isso significaria “dissolver” o sistema de fusos horário adotados a partir do Meridiano de Greenwich.