Em meados de maio, a dúvida sobre disputar ou não uma competição nacional importante, mas custosa aos cofres de um clube modesto, com 100 anos de história, mas apenas 15 de profissionalismo. No meio de novembro, a certeza de que a decisão foi acertada e de que uma cidade no interior de Minas Gerais, com cerca de 10 mil habitantes, passa a figurar com destaque no mapa do futebol nacional.
Neste domingo, o Tombense levou o interior de Minas Gerais para todo o Brasil. No Estádio Soares de Azevedo, a equipe da Zona da Mata mineira precisou dos pênaltis para vencer um aguerrido time do Brasil de Pelotas por 4 a 2. Ao Brasil, resta a certeza da Série C no horizonte e a consciência tranquila pela campanha digna do que espera a torcida Xavante.
O Brasil era a equipe visitante, mas parecia jogar em casa. Dos 10 aos 13 do primeiro tempo, foram dois lances de perigo. Primeiro, Alex Amado disputou bola com o goleiro Darley e pediu pênalti, o árbitro Paulo Godoy Bezerra mandou seguir. Na sequência, após cobrança de escanteio, o camisa 1 do Tombense saiu mal e Leandro Leite quase abriu o placar. Com o meio-campo leve, composto por Betinho, Coutinho, Joilson e Francismar, o Tombense sofria na marcação e o Brasil se aproveitava, principalmente com jogadas pelos lados. O camisa 7, Felipe Garcia, era figura constante nas jogadas de ataque gaúchas e incomodava. Quando conseguia sair, o Tombense chegava com perigo.
A partir da metade da primeira etapa, o time de Tombos equilibrou as ações. Com mais posse de bola, os meias mineiros conseguiam criar mais. O primeiro lance de perigo dos donos da casa foi aos 27. Francismar recebeu, lançou Elvis, que saiu na cara de Eduardo Martini, mas pegou mal e chutou pela linha de fundo. O Brasil recompôs a marcação e atacava menos. Nena, isolado na frente, ficou apagado na partida. O jogo era equilibrado, mas o placar não foi movimentado.
TOMBENSE MELHOR E O CÃO INVASOR
O jogo recomeçou com muita disputa no meio-campo das duas equipes. Aos 7 minutos, o episódio curioso da partida: um cachorro invadiu o campo do Soares de Azevedo e o jogo foi paralisado. O lateral do Brasil, Wender, conseguiu retirar o animal.
Com a bola rolando, o Tombense passou a pressionar. O alvirrubro tentava abrir o jogo com os laterais, que não conseguiam escapar da marcação. Elvis começou a aparecer mais e dava trabalho para a marcação gaúcha. A partir da metade da etapa complementar, o Brasil chegou em duas ocasiões de perigo. Aos 24, Nena foi lançado no ataque e, quando sairia na cara do goleiro Darley, foi atrapalhado pelo zagueiro Xandão. No lance seguinte, após cruzamento da direita, Felipe Garcia acertou a trave. No rebote, Nena finalizou na rede pelo lado de fora.
O jogo ganhou em velocidade. O meia Lucas Silva entrou no lugar do lateral-direito Douglas, e o veterano Joilson foi recuado para a lateral. O Tombense saía mais para o jogo e dava espaços no contra-ataque. Com o domínio territorial do adversário, o Brasil passou a se defender mais. Aos 39, o tempo fechou entre Betinho e Alex Amado, que se desentenderam e foram expulsos. Com muita tensão e pouco futebol no fim da partida, a decisão foi para os pênaltis.
NAS MÃOS DE DARLEY, DE MINAS PARA O BRASIL
O Tombense começou batendo com Francismar, que deslocou Eduardo Martini. Pelo Brasil, Nena fez o mesmo e empatou a série. Em seguida, Joilson, com categoria, colocou o Tombense novamente na frente. Na segunda cobrança Xavante, explosão de alegria no estádio: Chicão mandou para fora. O presente foi retribuído por Coutinho, que também chutou para fora e o placar se manteve 2 a 1. Na sequência, Fernando Cardozo igualou. No Tombense, Mazinho bateu, a bola raspou no travessão e entrou: 3 a 2. Na quarta cobrança gaúcha, Léo Dias bateu e Darley pulou no canto direito para fazer a defesa. Na última batida, bastava Elvis marcar para garantir o título à equipe mineira, e o meia não desperdiçou. Final, Tombense campeão brasileiro: 4 a 2 nos pênaltis.
Com informações do Globoporte.com – Foto: Bruno Ribeiro