O estado do Rio de Janeiro registrou mudanças positivas no nível de escolaridade de pessoas com mais de 25 anos, entre 2004 e 2013. Segundo pesquisa de indicadores sociais, feita pelo instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o tempo de estudo de adultos nesta faixa etária aumentou, em média, 1,2 anos. Em 2004, os maiores de 25 anos tinham 7,6 anos de estudo. Já no ano passado, a média saltou para 8,8 anos. Na região Metropolitana também houve aumento, já que a média, que, em 2004, era de 8 anos, saltou para 9,2 anos no ano de 2013.
Para a professora e pesquisadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Rosalee Istoe, o aumento no nível de escolaridade de pessoas com mais de 25 anos se deve, principalmente, à maior importância que o mercado de trabalho tem dado para à educação. “Eu penso que o mercado acaba sendo seletivo. Então para ter um emprego melhor, precisa ter um maior investimento nos estudos. Diplomas de ensino médio, por exemplo, têm sido muito importante para as pessoas, devido a essa valorização que o mercado de trabalho vem dando para a escolaridade. Hoje há uma divulgação maior sobre a importância da educação e também temos que levar em consideração o aumento da expectativa de vida e a longevidade, que faz com que as pessoas se preocupem mais com um futuro melhor. Esses são outros fatores que também contribuem para essa marca”, acrescentou a pesquisadora.
A coordenadora de Educação de Educação de Jovens e Adultos (EJA), da secretaria estadual de Educação, Rosana Mendes, apontou que os números divulgados mostram que o ensino de pessoas que tiveram seus estudos interrompidos tem alcançado bons resultados. “Temos intensificado nossos investimentos na Educação de Jovens e Adultos, com formação de professores e material didático produzido exclusivamente para este público. Além disso, o estado se reposicionou economicamente nos últimos anos. As empresas têm buscado profissionais mais qualificados. Muitos estão procurando retomar os estudos para se recolocar no mercado de trabalho”, falou a coordenadora.
O EJA beneficia cerca de 65 mil estudantes em 511 unidades escolares, no ensino médio presencial em todo o estado. A previsão é de que mais 40 colégios sejam contemplados com essa modalidade em 2015, sendo o atendimento ampliado para mais cerca de 11 mil alunos. O EJA no ensino fundamental é oferecida em 141 escolas presencialmente, atendendo a 7,6 mil estudantes.
Exemplo de superação e conquista na Educação
Um grande exemplo para quem teve que interromper seus estudos é a auxiliar administrativa Sebastiana Gonçalves da Mota, de 63 anos. Ela conta que teve que parar de estudar quando era jovem, mas que, após retornar, iniciará este ano o terceiro período da faculdade de pedagogia.
— Fiquei mais de 40 anos sem estudar. Em 1967, tive que parar por diversos problemas e, também, para criar meus filhos. Em 2005 eu voltei e terminei meu ensino fundamental em quase dois anos, através de um supletivo, porque eu queria aprender as coisas, queria saber. Porém, quando perdi um filho, acabei ficando mais cinco anos longe dos estudos. Mas não queria ficar dentro de casa, então retornei para concluir o ensino médio, que preferi cursar regularmente, em três anos, completando em 2013. Logo que terminei, fiz vestibular e entrei na faculdade. Estou no terceiro período de pedagogia e vou fazer 64 anos. Tudo foi uma grande conquista — disse Sebastiana, que contou ainda que o diploma da faculdade é um sonho que será realizado.
“Interagi muito bem com os alunos, tanto nos ensinos fundamental e médio, quanto está sendo na faculdade. Mesmo estudando com pessoas mais jovens. Quando era mais nova, era um sonho ter o diploma de uma faculdade, mas não tinha condições financeiras. Quando chegou a oportunidade, eu não tive dúvidas.
Fonte: Folha da Manhã