Após ver sua popularidade despencar em pesquisa do Instituto Datafolha, a presidente Dilma Rousseff estuda fazer um pronunciamento em rede nacional de TV depois do Carnaval para detalhar medidas que o governo têm adotado para combater a corrupção.
Na tarde desta segunda-feira (9), Dilma passou cerca de duas horas e meia reunida com a cúpula política do governo no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Segundo um dos presentes, que preferiu não se identificar, parte dos ministros defendeu que a presidente fale à sociedade e apareça em público defendendo medidas já tomadas pelo governo e apresente outras que ainda serão postas em prática.
Diante das sugestões dos auxiliares, a presidente cogitou fazer o pronunciamento oficial para enfatizar que apoiará no Congresso Nacional um “pacote” de projetos que preveem o enfrentamento a atos de corrupção.
Integram o chamado “núcleo duro” do governo os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) e Ricardo Berzoini (Comunicações). José Eduardo Cardozo (Justiça) também costuma participar das reuniões.
Entre os temas debatidos nesta segunda-feira no encontro do Alvorada estava a pesquisa divulgada no último sábado (7) pelo Datafolha na qual 44% dos entrevistados apontaram a gestão Dilma como “ruim” ou “péssima”. A última pesquisa divulgada pelo instituto, em 3 de dezembro de 2014, apontava que Dilma tinha avaliação positiva de 42% dos entrevistados.
Diante de um horizonte de incertezas econômicas no país, o Datafolha também revelou que 55% dos brasileiros acreditam que a situação da economia vai piorar nos próximos meses. O pessimismo nas expectativas da população disparou em comparação ao penúltimo levantamento do instituto, realizado em dezembro, quando 28% dos entrevistados esperavam a piora da economia.
A imagem do governo tem sofrido desgaste desde o início das denúncias relacionadas à Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem de dinheiro e teria desviado recursos da Petrobras. A ex-presidente da estatal Graça Foster renunciou ao cargo na semana passada em razão do desgaste que vinha sofrendo à frente da estatal.
Na campanha eleitoral do ano passado, a então candidata do PT à reeleição defendeu mudanças na legislação para tornar, por exemplo, crime a prática de caixa dois. À época, ela também propôs a aprovação, por lei, de um novo tipo de crime que puna agentes públicos que tenham enriquecimento incompatível com os ganhos.