Começou por volta das 22h deste sábado (15/03) , uma rebelião na Cadeia Pública de Campos, a antiga Casa de Custódia. De acordo com informações de fontes de dentro da cadeia, os detentos conseguiram abrir todas as celas do primeiro pavimento e a situação ficou fora de controle. Ainda segundo os primeiros relatos, até às 02h, não havia reféns. Os detentos tomaram a área do banho de sol e jogam pedras para o lado de fora da unidade.
Todo efetivo disponível da Polícia Militar foi deslocado para a Cadeia, assim como também já foram acionadas guarnições de outros municípios. No início da manhã deste domingo, já havia chegado o reforço, de 20 policiais do 32º BPM, de Macaé, 20 do 36º, de Santo Antonio de Pádua e 25 homens do 29º, de Itaperuna, além de 30 policiais da 6ª CPA.
O Corpo de Bombeiros Militar enviou equipes que estão do lado de fora da unidade prisional, para caso haja necessidade de atendimento emergencial.Uma viatura conseguiu acesso ao primeiro pavimento, onde acontece a rebelião, para apagar um incêndio, provocado quando os detentos atearam fogo em colchões.
FAMILIARES AFLITOS VÃO PARA FRENTE DA UNIDADE
Parentes de detentos saíram de diversos bairros, desesperados, em busca de informações. De dentro da cadeia, muitos internos fizeram contato com familiares, através do telefone celular. Alguns pedindo socorro, com medo da proporção que a rebelião possa tomar. Por volta das 02h30, já havia mais de 100 familiares de detentos no local.
Às 3h, três estrondos foram ouvidos dentro da unidade e uma fumaça subiu, do lado de fora os familiares se revoltaram contra a Polícia Militar e invadiram o cordão de isolamento. Os policiais conseguiram conter as pessoas mais exaltadas, explicando que a ação dentro da unidade não partiu da PM.
Por várias vezes, de dentro da cadeia, detentos fizeram contatos com os familiares, informando que há feridos no local.
TRANSFERÊNCIA PARA BANGU
Márcio Marques e Wilza Carla, advogados, representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB, chegaram às 11h30, assim que foram acionados, mas até o início da manhã, os dois ainda não haviam entrado na unidade, devido a falta de autorização. Os dois estão mantendo contato com a Polícia Militar. Apenas o GSE/SOE teve acesso ao primeiro pavimento. Os presos estão mantendo contato também com a comissão de Direitos Humanos através de celulares de parentes.
Os representantes acreditam que a rebelião tenha sido motivada pela notícia de que entre 150 e 200 detentos seriam transferidos para o Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro. Os internos não teriam aceitado a transferência e por isso teriam deflagrado a rebelião.
REVOLTA DENTRO E FORA DA CADEIA
Às 3h40, chegou a segunda viatura do GSE/SOE, o Serviço de Administração Penitenciária, familiares não quiseram permitir a entrada do veículo e colocaram pedras e as mulheres se sentaram no chão para impedir a passagem. Homens da Polícia Militar conseguiram remover as pedras e convencer as mulheres a se levantar, dando passagem a viatura.
Logo após a entrada, um outro estrondo foi ouvido vindo da unidade, às 3h45. Às 3h51 mais dois estrondos, e dois minutos depois, mais um.
A cada estrondo os familiares ficavam mais revoltados e muitos ameaçavam invadir a cadeia. De acordo com um policial, o barulho é provavelmente de bombas de efeito moral.
A Polícia Militar, desde o início da rebelião isolou toda a área em frente a Cadeia Pública e ninguém pode chegar aos acessos a unidade prisional. Por volta das 5h, policiais da 6ª CPA chegaram a unidade.
O sol já começava a aparecer, quando a Polícia Militar tentou afastar ainda mais o cordão de isolamento, que separava a imprensa, familiares e curiosos da cadeia, mas os parentes se recusaram sair. A todo tempo eles exigem informações a respeito do que está ocorrendo dentro do pavilhão e pedem a presença do diretor da cadeia.
Uma viatura do Corpo de Bombeiros, que conseguiu se aproximar do primeiro pavimento para apagar o fogo dos colchões, também foi impedida de passar. Por alguns instantes, familiares de detentos atearam fogo em galhos, mas as chamas logo foram apagadas por policiais militares.
Com informações do Ururau – Foto: Filipe Lemos/Campos 24 Horas