O programa Rio Rural, da secretaria de Estado de Agricultura, apontado essa semana como referência mundial pela Organização das Nações Unidas (ONU), começa a pesquisar em Italva, uma tecnologia agroecológica de criação de gado que combina manejo adequado de pastagens, conservação do solo e plantio de árvores, batizada de sistema silvipastoril.
O estudo é desenvolvido em parceria com o governo da Alemanha, em uma propriedade rural localizada na Microbacia Córrego do Marimbondo, onde está sendo implantada uma Unidade de Pesquisa Participativa da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro).
Pesquisadores de universidades alemãs e integrantes da equipe do Rio Rural estiveram no local semana passada. A propriedade, pertencente ao agricultor Josué Gomes Moreira, recebeu um sistema de pastejo rotacionado que possibilita o manejo racional e ecológico da pecuária de leite. Doze piquetes com cercas eletrificadas dividem a área de um hectare, onde o gado é manejado conforme o estágio de crescimento do capim.
A atividade faz parte do Projeto Integração de Ecotecnologias e Serviços para o Desenvolvimento Rural Sustentável no Rio de Janeiro (Intecral), que vem realizando pesquisas e ações de desenvolvimento tecnológico no estado desde o ano passado, em parceria com o Rio Rural, que defende o uso de tecnologias sustentáveis na pecuária para melhoria da qualidade e da rentabilidade da produção de leite.
De acordo com o consultor do Rio Rural Samuel de Souza, no mesmo terreno foram plantadas mudas de gliricídia, uma espécie de leguminosa que favorece a fixação de nitrogênio no solo, um dos nutrientes mais importantes para o crescimento do pasto. Com recursos do Rio Rural, o local terá também um sistema de irrigação e plantio de três variedades de capim.
— A pastagem sempre foi manejada de modo extensivo nesta propriedade, com o gado solto. Agora, com o sistema rotativo, irrigação e adubação orgânica, esperamos que a produtividade aumente pelo menos 30% — estimou Samuel.
Segundo o profissional, a equipe envolvida no projeto aguarda apenas a ocorrência de chuvas para plantar a forrageira.
Sistema silvipastoril testado em duas bases
Durante toda a semana, pesquisadores do Projeto Intecral visitaram propriedades rurais nas regiões Norte e Noroeste, além de participarem de reuniões com os atores locais. Os integrantes do projeto foram recebidos pela equipe da Emater-Rio em Italva, produtores e representantes do poder público.
Engenheira de restauração florestal, a mexicana Berenice Quintana está à frente do grupo de trabalho do Projeto Intecral sobre boas práticas agrícolas e desenvolvimento participativo. Pesquisadora da Universidade de Colônia, na Alemanha, ela explicou que o trabalho, iniciado no ano passado, envolve ações de treinamento participativo em sistemas silvipastoris e tem como produto final a implementação de duas unidades de pesquisa.
— Hoje pudemos ver os avanços na propriedade e vamos fazer algumas sugestões para o aprimoramento do sistema. Estamos discutindo, entre outras ações, a possibilidade de implantar um banco de forragem para alimentação do gado — disse Berenice.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Pesquisa Participativa do Rio Rural no Noroeste Fluminense, Lúcia Valentini, da Pesagro-Rio, a região possui três unidades de sistema silvipastoril.
— A integração com o Intecral é importante, pois o projeto vai fazer sugestões técnicas para a melhoria do sistema de produção — disse.