O comércio brasileiro cresceu 3,7% em 2014, pior desempenho em 11 anos, segundo dados divulgados pela Serasa Experian nesta quarta-feira. O fraco movimento foi influenciado pela combinação de fatores como inflação elevada, aperto nos juros e alto endividamento, de acordo com a análise da empresa de informações de crédito.
O destaque foi a queda de 6,5% do volume de vendas no segmento de materiais de construção. Foi a primeiro ano negativo para o setor desde 2009, quando houve retração de 13,7%. O resultado de 2014 também foi impactado pelos números fracos do setor de automóveis, que cresceu só 0,4%, uma forte desaceleração frente à alta de 3,8% registrada em 2013. É o pior desempenho desde 2003, quando o segmento encolheu 4,3%.
Enquanto isso, o segmento de supermercados e hipermercados também desacelerou, mas se manteve acima da média. O setor cresceu 3,9% em 2014, contra 6,4% registrados em 2013. O outro destaque positivo foi a alta no segmento de vestuário e calçados.
Segundo Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, essa é uma tendência que tem sido observada no varejo brasileiro, em que setores que dependem muito do crédito sofrem mais que os demais.
— Setores que dependem mais da renda e do emprego, como supermercados e vestuário, têm tido uma performance melhor. São segmentos em que o crédito não é tão importante quanto veículos e material de construção, por exemplo. Isso é uma característica dos últimos dois anos — analisa Rabi.
Para o economista, as perspectivas para 2015 são de um varejo com perfil parecido com o do ano passado. A Serasa vê um crescimento próximo ao do ano passado, dificilmente superando a marca de 5%. Um agravante deve ser o setor de automóveis, que não contará com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, benefício que expirou no início deste mês. Além disso, o aumento do custo do aço deve pressionar preços e derrubar as vendas.
— O consumidor não vai ter como absorver esse custo, vai diminuir mesmo a compra de veículos. É um setor que já está se preparando para um ano de produção mais fraca — avalia Rabi.
O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio leva em conta o volume de consultas mensais feitas por cerca de 6 mil estabelecimentos comerciais à base de dados da Serasa.
Fonte: O Globo