Começou nesta quarta-feira (20/08) a audiência dos três réus acusados de manter quatro trabalhadores – entre eles o natividadense Cirlei Rodrigues Moreira, de 36 anos – em condições análogas à escravidão por mais de dez anos.
O crime teria sido na cidade de São Fidélis, mas o julgamento, que foi desmembrado em quatro partes, acontecem em Campos. Não há previsão para encerramento da primeira audiência. A Justiça agendou outras três, nesta quinta-feira (21/08) e nos dias 27 e 28 deste mês.
Os réus são Paulo Cesar Azevedo Girão, 58 anos, o filho Marcelo Conceição Azevedo Girão, 33 anos, e o empregado Roberto Melo de Araujo, 38 anos. Eles foram presos em abril deste ano após um dos homens conseguir fugir do local onde estaria sendo mantido em cárcere.
O Ministério Público Federal (MPF), autor da ação, acusa os três de terem submetido os trabalhadores a regime de trabalhos forçados, sem pagamento de salários, com vigilância ostensiva e retenção de documentos. Os homens eram mantidos isolados, à noite, em quarto cujas condições seriam precárias e subumanas.
Na decisão que aceitou a denúncia, o juiz federal André Lenart ressalta que “a existência de base empírica, idônea e suficiente a respaldar um juízo positivo de razoável suspeita quanto à prática de crime pelos denunciados”. Os réus continuam presos. Durante as audiências, deverão ser ouvidas cerca de 40 pessoas.
AS PRISÕES
Os acusados foram presos na tarde do dia 26 de abril na localidade do Angelim, em São Fidélis. Na ocasião das prisões, o então delegado adjunto da 134ª Delegacia Legal Paulo Pires, explicou que os trabalhadores, dois de São Fidélis, um de Campos e outro de Natividade, eram obrigados a trabalhar todos os dias, sob a supervisão do empregado da fazenda, que era uma espécie de “capataz”. O trabalho forçado era das 4h às 17h.
Após a jornada de trabalho, os homens eram colocados em um quarto, que ficava próximo à casa do “caseiro”. O período em que os trabalhadores permaneceram na fazenda em situação análoga a de escavo, foi de 8 a 14 anos.
O crime foi descoberto pela polícia após um dos trabalhadores, morador de São Fidélis, ter conseguido escapar e, na companhia de um sobrinho, ter denunciado o caso na 141ª Delegacia Legal, que montou uma operação e resgatou os outros três trabalhadores e prendeu os acusados.
Com informações do Ururau
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