Na manhã de ontem(15), o lavrador João Antônio dos Santos Ribeiro, 24 anos, acusado de ter espancado a enteada Janaína Oliveira, de três anos, que faleceu na tarde de domingo por causa das agressões, prestou depoimento à Polícia Civil. Ele confessou as agressões e disse que não teve a intenção de matar a criança.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Manhumirim, em Minas gerais, para onde foi levado o corpo de Janaína, a criança morreu de hemorragia intracraniana.
“Não há investigação a respeito da mãe da criança. Até o momento não temos nada contra ela e precisamos do laudo cadavérico e do laudo do atendimento médico, que foi feito em Espera Feliz. A mãe, pelo fato de ter voltado para ele, mesmo com a medida protetiva, não quer dizer que tenha crime. Não houve negligência. Ele confessou que agrediu a criança e que não teve a intenção de matá-la. Somente no decorrer das investigações saberemos se a mãe será ou não indiciada, mas por enquanto não existe nada contra ela ou qualquer tipo de crime”, disse a delegada Edilma Luzia Barbosa de Oliveira, responsável pelo caso.
De acordo com informações do Conselho Tutelar de Dores do Rio Preso, já havia denúncias de que Janaína e seus outros dois irmão, um de 5 e outro de 10 meses, além da mãe, Cristiane de Oliveira, 28 anos, eram espancados pelo lavrador. Quando o caso chegou ao órgão, há dois meses, a mãe e as crianças foram levadas para a casa da avó materna, em Carangola, em Minas Gerais.
“Ela estava com uma medida protetiva, desde que tomamos conhecimento das agressões realizadas pelo companheiro. No entanto, por vontade própria, ela retornou para ele e ficamos sabemos tem cerca de 10 dias”, contou Heyd Lemgruber, psicóloga que acompanhou a família.
A psicóloga contou ainda que ao saber do retorno de Cristiane para o companheiro, a procurou, pois ficou sabendo que Janaína, estava com crises de convulsões. “Quando fui até a casa, ela me tratou com hostilidade e garantiu que voltou, porque o lavrador disse que tinha parado e beber e até entrado para a igreja”, completou.
Abalada com a morte da filha e grávida de sete meses pela sexta vez, a mãe de Janaína disse que espera que a Justiça seja feita. Ela contou que mantinha o relacionamento amoroso com João há dois anos e terminaram. Há 10 dias reataram o romance.
“Ele batia, mas nunca tinha usado um soquete. Ele já bateu em mim e na menina que morreu. Agora, com soquete na menina foi a primeira vez. Voltei para ele por que a minha mãe estava reclamando. Aí ele me viu e disse que tinha mudado. Parado de beber e entrado na igreja. No momento da agressão eu estava lavando roupa. Antes uma vizinha tinha chamado ela para comer broa, e depois que ela voltou, ele começou a olhar ela com cara feia”, contou a mãe.
Segundo funcionários da Casa de Abrigo, onde está Cristiane, está é a segunda vez, que as crianças passam por lá, devido as agressões sofridas em casa. Segundo eles, até mesmo o mesmo o bebê de dez meses apanhava do lavrador.
Os dois primeiros filhos de Cristiane foram dados para adoção assim que nasceram. Ela não sabe ao certo nem mesmo em qual mês da gestação está. “Eu estava deitada na cama, e o meu outro filho vendo TV no sofá. Depois ele bateu na cabeça dela e mandou eu ficar quieta. Quando a Janaína começou a passar mal fomos com ela para o hospital, mas ela morreu. Quando eu penso na minha filha, sinto muita revolta. Só quero justiça”, completou Cristiane.
Ela e os filhos ficarão na Casa de Abrigo até que a Justiça determine para onde irão.
ENTENDA O CASO:
Janaína de Oliveira, três anos faleceu no Hospital de Espera Feliz, em Minas Gerais, depois de estar dois dias internada após ser agredida pelo padrasto. Ele residia com a mãe e os irmãos em Dores do Rio Preto, na região do Caparaó.
João Antônio dos Santos Ribeiro, 24 anos, foi preso pela Polícia Militar de Minas Gerais, durante o velório da filha, no município de Caiana, que faz divisa com Dores do Rio Preso, e encaminhado para o município capixaba.
Ele foi preso na Lei Maria da Penha por descumprir uma medida protetiva. Em agosto desse ano, foi registrada uma denúncia de maus tratos em Dores do Rio Preto conta João Antônio por agredir a enteada e o filho de 10 meses. Uma medida protetiva proibia que ele se aproximasse das crianças. Há 10 dias, a mãe das crianças retomou o relacionamento com o acusado, que voltou a agredir as crianças. Ele está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cachoeiro.
Com informações do Aqui Notícias/ES