Que tal um cafezinho? Uma das bebidas preferidas dos brasileiros vem ganhando consumidores com um paladar cada vez mais elaborado. Os cafés especiais são um segmento de mercado em expansão, atraindo apreciadores pelo sabor diferenciado, pela melhor qualidade do produto e pela agregação de valores socioambientais. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) estima que o consumo no País deve alcançar 21 milhões de sacas em 2015, das quais um milhão apenas de cafés especiais. Vale lembrar que o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo.
Atenta a esse nicho de mercado, a engenheira agrônoma Ana Regina Majzoub vem investindo na produção de cafés especiais em sua propriedade rural, no distrito de Purilândia, cerca de 20 quilômetros da cidade de Porciúncula, na região Noroeste fluminense, bem perto da divisa com Minas Gerais.
Ao lado do marido e sócio, Suhail, e da mãe, Clenair, ela vive num sítio de 74 hectares, onde administra a produção do café Iranita desde 2005, quando seu pai, Olympio, faleceu. A produção de café teve início na propriedade em 1995. Hoje, metade da área do terreno de mata nativa está preservada. “Investir em cafés especiais é uma alternativa de fazer um produto mais competitivo, com valor agregado”, disse Ana Regina.
Para adequar seu produto a ponto de torná-lo reconhecido como um café especial, ela introduziu algumas inovações tecnológicas. Contemplada pela FAPERJ, no edital Apoio à Inovação Tecnológica, ela investiu na aquisição de equipamentos, entre eles um aparelho secador de grãos, que permite uma secagem mais rápida e uniforme do que o tradicional método de exposição ao sol, no terreiro. “Trata-se de um projeto de melhoria, a partir da introdução de processos de inovação tecnológica, que visam mudar a produção tradicional para esse nicho específico de mercado dos cafés especiais”, resumiu.
O processo de produção cafeeira passa pelas etapas de colheita, secagem, torrefação e moagem. Um dos diferenciais da produção do café Iranita é o cuidado na hora de separar os grãos, logo após a colheita, que é realizada sobre um pano, para evitar contato com as impurezas do solo. A separação dos grãos ocorre em um equipamento chamado de lavador de café. Quando colocados na água, eles são separados devido às suas diferentes densidades. Os grãos secos boiam. É como separar o joio do trigo. “Primeiro, escolhemos os grãos ‘cereja’, formados por grãos maduros, separando-o dos grãos verdes e dos grãos secos, estes últimos conhecidos como ‘boias’, que dão um sabor inferior ao pó final”, explicou. Em seguida, os grãos “cereja” são despolpados e seguem para o processo de secagem. O café fica armazenado até ser enviado para a torrefação, moagem e embalagem, etapas que são terceirizadas para produtores familiares da própria região.
“Com base nessas tecnologias, conseguimos produzir e embalar um café de qualidade, com grãos 100% do tipo arábica”, destacou Ana Regina. Considerado nobre, o grão do tipo arábica é colhido manualmente. “Como se adapta bem à elevada altitude, é também a variedade que predomina no Noroeste fluminense”, explicou a agrônoma.
O nome do café Iranita é uma homenagem à família de Ana Regina, de quem ela herdou a arte da cafeicultura. “Irany era o nome do meu avô e Nita era o apelido da minha avó, Maria Rita”, recordou. Hoje, o produto é apresentado em três embalagens valvuladas: uma de 250g, de café torrado e moído; outra, também de 250g, de café torrado em grão; e uma de 1 kg de café torrado em grãos – todas com validade de um ano. “Possuímos os seguintes selos em nossos produtos: o Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar – SIPAF e o Produzido RJ, o que também dá um diferencial ao nosso produto”, disse.
O empreendimento familiar reafirma a tradição da região Noroeste fluminense para a cafeicultura. “Historicamente, a região já teve uma das maiores produções de café do estado, concentradas especialmente no município de Varre-Sai. Hoje, existe um forte movimento de cooperativas e associações de cafeicultores que vem fortalecendo esse cultivo e contribuindo para um renascimento da cafeicultura na região”, explica Ana Regina. “A Coopercanol, cooperativa de café com sede em Varre-Sai, da qual também participamos, reúne os cafeicultores do Noroeste Fluminense”, citou. “Participamos também da Associação de Produtores Agroindustriais do Rio de Janeiro, a Aprorio”, completou.
O produto com grãos 100% do tipo arábica vem ganhando visibilidade em diversas feiras gastronômicas. “Já apresentamos o café Iranita em estandes no Rio Gastronomia, promovido pelo jornal O Globo, em 2013 e 2014, no Jóquei Clube; na Feira Nacional de Agricultura Familiar, do Ministério de Desenvolvimento Agrário, nas edições de 2008, 2009, 2010 e 2012, que ocorreu na Marina da Glória, e em Brasília; na Feira da Providência, no final de 2014; no Salão do Turismo, em Niterói, em 2013, e em São Paulo e Rio, em 2011; no Green Rio, evento que ocorreu em maio de 2015 no Jardim Botânico; e no evento Maravilhas Gastronômicas do Rio de Janeiro, idealizado pelo jornalista Chico Junior, quando concorremos na categoria Cafés. Esses eventos e parcerias nos ajudam a divulgar o café Iranita em várias regiões, o que nos incentiva a melhorar ainda mais nosso produto. É gratificante quando vamos a algum evento e alguém nos diz que estava procurando pelo estande do café Iranita.”
Com informações da Faperj