Trabalhador de Natividade era um dos mantidos sob regime de escravidão em São Fidélis

O proprietário de uma fazenda, o filho e um empregado foram presos na tarde de sábado (26/04), na localidade do Angelim, em São Fidélis, por manter quatro homens em situação análoga à escravidão.

Os três: Paulo Cesar Azevedo Girão, 58 anos, o filho Marcelo Conceição Azevedo Girão, 33 anos, e o empregado Roberto Melo de Araujo, 38 anos, vão responder por crime de restrição a condição análoga a de escravo e podem pegar de dois a oito de reclusão, como explicou o delegado adjunto da 134ª Delegacia Legal de Campos, José Paulo Pires, na manhã deste domingo (27/04). As vítimas estavam escondidas em uma vala atrás de um monte de areia.

“Ao chegarmos à fazenda só encontramos os supostos autores que foram presos em flagrante. As vítimas estavam escondidas, pois eles mandavam elas se esconderem sempre que chegassem alguém ou viatura no local. Eles tomavam café, almoçavam e jantavam. Às 4h da madrugada eram levados para a fazenda, pelo capataz, e só retornavam às 17h direto para o quarto onde ficavam trancados. A polícia vai buscar uma instituição de atendimento que possa dar suporte às vítimas, pois elas precisam de atendimento social e psicológico”. Explicou o delegado.

Pires disse ainda que os trabalhadores, dois de São Fidélis, um de Campos e outro de Natividade, eram obrigados a trabalhar todos os dias, sob a supervisão do empregado da fazenda, que era uma espécie de “capataz”. O trabalho forçado era das 4h às 17h. Após a jornada de trabalho, os homens eram colocados em um quarto, que ficava próximo à casa do “caseiro”.

Em depoimento, as vítimas ( foto acima de três deles) Roberto de Oliveira, de 36 anos, Davi Pereira Ferreira, 38 anos, ambos de São Fidélis, Cirlei Rodrigues Moreira, de 36 anos, de Natividade e Romério Mota Rosa, de 26 anos, morador de Campos , disseram que recebiam ameaças quando manifestavam o desejo de ir embora, e um deles disse que foi agredido várias vezes. A última vítima a ser recrutada, passou oito anos no cativeiro e o mais antigo, 14 anos.

Já o proprietário da fazenda, Paulo Cesar Azevedo Girão, de 58 anos, disse que pagava cerca de R$ 50,00 reais pelos trabalhos, mas as vítimas disseram que nunca receberam nada.

O período em que os trabalhadores permaneceram na fazenda em situação análoga a de escavo, segundo Paulo Pires, foi de oito anos, o último recrutado, e de 14 anos o mais antigo. “Caso manifestassem o desejo de ir embora, eles disseram que eram agredidos e ameaçados. Infelizmente dados da Organização das Nações Unidas [ONU] apontam que entre 12 e 25 milhões de pessoas vivem nessas condições no mundo todo, e o que leva a isso é a falta de condições social e econômica das pessoas, tanto que dos resgatados chegou para mim e perguntou como ele ia ficar agora que perdeu trabalho. Então, o cara é submetido ao trabalho escravo, mas ainda esta preocupado em perder aquilo”, disse Pires.

Sobre os elementos que levaram a Polícia Civil a registrar o caso como restrição a condição análoga a de escravo, o delegado disse que “quando a pessoa é submetida ao trabalho extenuante, o não pagamento pelo trabalho realizado ou o pagamento em valor irrisório, a não permissão aos meios de locomoção para sair ou entrar no local de trabalho, além de manter vigilância ostensiva no local de trabalho e se apoderar de documentos dos trabalhadores são aspectos que caracterizam o trabalho escravo”, enumerou o Paulo Pires acrescentado que não conseguiu reaver a documentação dos trabalhadores.

Os presos deverão ficar à disposição da Justiça Cadeia Pública Dalton Crespo de Castro, para onde foram encaminhados.

ENTENDA O CASO

Um dos trabalhadores, que é de São Fidélis, escapou da fazenda na noite de sexta-feira (25/04) e foi para casa de familiares. Acompanhado de um sobrinho foi a 141ª Delegacia Legal e comunicou o fato, além de dizer que outras três pessoas estavam vivendo na mesma situação. A partir daí foi montada a operação e na tarde de sábado (26/04), os três trabalhadores foram resgatados pela Polícia Civil.

As vítimas não possuíam carteira assinada e não recebiam nada pelo trabalho, além de viverem em situação sub-humana, recebendo uma ou duas refeições por dia. O local onde ficavam possuía duas camas, um colchonete, além de um armário, um banheiro e uma pia com uma grelha de churrasqueira em cima. As portas e janelas eram trancadas.

Segundo o delegado José Paulo Pires, eles tomavam café, almoçavam e jantavam. Às 4h da madrugada eram levados para a fazenda, pelo capataz, e só retornavam às 17h direto para o quarto onde ficavam trancados.

Com informações e fotos do Ururau e SFNotícias – Fotos: Carlos Grevi / Vinnicius Cremonez

Os acusados estão presos em cadeia de Campos
Os acusados estão presos em cadeia de Campos
Equipe da Polícia Civil voltou ao local neste domingo
Equipe da Polícia Civil voltou ao local neste domingo

 

Polícia Civil estoura cativeiro e liberta homens em situação análoga à escravidão em São Fidélis

Agentes da Polícia Civil de São Fidélis estouraram um cativeiro na tarde deste sábado (26) na localidade de Angelim, no terceiro distrito do município. Segundo informações da polícia, quatro homens eram mantidos trancados em um quarto de uma residência, há pelo menos dez anos.

Na noite de ontem (25), um deles conseguiu fugir e procurou à unidade policial para denunciar o fato. Uma operação envolvendo policiais da 141ª Delegacia Legal de São Fidélis e da 134º DP de Campos, foi montada para resgatar os três, que eram mantidos em situação análoga à escravidão. Em depoimento, uma das vítimas disse que um caseiro, os retiravam do quarto às 8h da manhã e levava para uma fazenda onde eram obrigados a trabalhar durante todo dia e só voltavam para o quarto às 17h.

As vítimas não possuíam carteira assina e não recebiam nada pelo trabalho, além de viverem numa situação sub-humana, recebendo uma ou duas refeições por dia.Ainda segundo a polícia, toda vez que um parente ia até o local procurar pelas vítimas, eram informados que eles já haviam ido embora,

No imóvel havia apenas duas camas e um colchonete, além de um armário, um banheiro com pia com uma grelha de churrasqueira. O imóvel sequer possuía geladeira e fogão.

O proprietário da fazenda  identificado como Paulo Cezar Azevedo Girão, de 59 anos, seu o filho Marcelo Conceição Azevedo Girão, de 33 anos, e o caseiro Roberto Melo da Araújo, de 38 anos, foram presos em flagrante e encaminhados para a 141ª delegacia de São Fidélis, onde começou a ser confeccionado o registro de ocorrência.

As vítimas também( foto acima) foram ouvidas e em seguida, foram encaminhadas para a 134ª DP de Campos, assim como os acusados.

Com informações do SFnotícias – Fotos: Vinícios Cremonez

Um dos acusados sendo preso por agentes da PC
Um dos acusados sendo preso por agentes da PC

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Local não oferecias as mínimas condições de higiene
Local não oferecias as mínimas condições de higiene

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