Depois de oito anos sem ver o filho, a dona de casa Rita Mota, de 72 anos, moradora da localidade da Tapera, em Campos, o reencontrou na manhã desta segunda-feira(28), graças a uma operação da Polícia Civil. Romário Mota Rosa, de 34 anos, foi resgatado no último sábado em uma fazenda da localidade de Pureza, em São Fidélis, onde era submetido a condição análoga à escravidão. A última vez que a mãe esteve com Romário foi há oito anos, quando ele saiu de casa para procurar emprego.
“O que eu espero é a recuperação do meu filho. Levar ele para casa. Não consigo dizer a emoção que sinto ao poder abraçá-lo e o saber que vou passar o Dia das Mães com ele”, disse Rita nesta manhã quando reencontrou o filho na 134ª Delegacia de Polícia.
Rita tentou descrever os momentos de angústia desde que o filho saiu de casa para procurar um emprego. “Depois de se separar da mulher e deixar uma filha de três anos com a mãe, ele veio morar comigo. Certo dia, disse que iria procurar emprego, e não voltou. Pensamos que ele estava morto. Não consigo dizer com que emoção reencontro meu filho querido”, afirma Rita.
Relembre o caso – Natividadense entre os cativos:
Um fazendeiro, seu filho e um caseiro foram presos pela Polícia Civil neste sábado (26), em uma fazenda da localidade de Angelim, em São Fidélis, acusados de submeter quatro trabalhadores a condição análoga à escravidão. Segundo o delegado Paulo Pires, adjunto da 134ª DP/Centro, que comandou a operação, um dos trabalhadores conseguiu fugir na noite da última quinta-feira e denunciou o caso na delegacia de São Fidélis.
Segundo ainda a polícia, os quatros trabalhadores eram obrigados a cuidar do gado e de plantações da fazenda. A jornada de trabalho durava 12 horas por dia, das 4 às 16h. Um caseiro da fazenda seria o homem que mantinha os quatro em um alojamento, sem direito direito a sair ou ter contato com funcionários de fazendas vizinhas. Além disso, segundo a denúncia, eles não recebiam salário e tinham direito a apenas duas refeições por dia.
O fazendeiro Paulo César Azeredo Girão, de 59 anos, Marcelo Azeredo Girão, de 33 anos, e o caseiro Roberto Melo Araújo, de 28 anos, receberam voz de prisão e estão na 134ª DP/Centro de Campos, a delegacia de área do fim de semana. Eles foram apresentados à imprensa na manhã deste domingo.
O delegado Paulo Pires informou que os trabalhadores demonstraram medo quando a equipe da Polícia Civil chegou à fazenda. Segundo o delegado, trabalho escravo se caracteriza nesse caso por vários aspectos, sobretudo pela jornada de trabalho extenuante e pelas condições a que eram submetidos no alojamento.
As vítimas, segundo a polícia, foram os seguintes trabalhadores: Roberto de Oliveira, de 36 anos, Davi Pereira Ferreira, 38 anos, moradores de São Fidélis, Cirlei Rodrigues Moreira, de 36 anos, cuja família é de Natividade, e Romário Mota Rosa, de 34 anos, de Campos.
Versão do fazendeiro
O fazendeiro alegou que os trabalhadores prestavam trabalhos esporádicos em sua propriedade. Segundo ele, não é verdade a versão de que os trabalhadores não recebiam salário. “Pagávamos R$ 50,00 por cada dia trabalhado. Dois deles só prestavam serviços no final de semana”, disse o fazendeiro.
Com informações do Campos 24 Horas